HIMELSBRAIF – CARTA DO CÉU
A Carta do Céu ou Carta Sagrada era escrita em Alemão gótico, considerada objeto de extrema relevância e pelo qual os pomeranos tinham muito respeito. Era usada e cuidada com a máxima delicadeza para sua conservação. A Carta em forma de um quadro emoldurado encontrava-se na sala de estar junto às fotografias de família e outras figuras na maioria das casas dos imigrantes pomeranos.
“No centro da carta vemos o arcanjo Miguel que traz uma trombeta na mão direita e um ramo de palmeira na mão esquerda.
Logo abaixo dos seus pés vemos o olho de Deus dentro de uma figura triangular, que por sua vez está envolvida por um círculo (sol pela metade). O olho dentro do triângulo simboliza Deus na doutrina da Santíssima Trindade (Deus, Pai, Filho e Espírito Santo). Nos dois lados da figura temos quatro estrofes, e logo abaixo encontramos o nome da carta, seguido de um texto que tem o seguinte título: “Gredória seja invocada”
A carta contém petições e exortações para o dia-a-dia, e garante proteção contra diversos males e perigos. Na parte inferior da carta, lemos: “Aquele que tiver a carta em sua casa ou levá-la consigo, nenhum trovão o atingirá, e vocês serão protegidos contra fogo e água. A mulher que levar consigo a carta e por ela se guiar dará a luz a crianças lindas e alegres. Observai minhas petições, que lhes enviei por intermédio do meu anjo Miguel.”
As primeiras Himelsbraife (Cartas do Céu) foram trazidas pelos imigrantes pomeranos. Mais tarde, reproduções das cartas podiam ser adquiridas no Brasil, as quais eram impressas numa gráfica na cidade do Rio de Janeiro. Vários líderes eclesiásticos das comunidades consideravam as cartas dos pomeranos uma verdadeira superstição, isto é, manifestações contrárias a fé, e muitos deles pediam aos fieis que se desfizessem das cartas.
Por ocasião da II Guerra Mundial, no Governo de Getúlio Vargas, grande parte destas cartas foi apreendida pela Polícia. Os partidários do nacionalismo brasileiro alegavam tratar-se de propaganda nazista, de material subversivo”.
Segundo Tressmann, 2006, p.196 fatores estes, que contribuíram para o desaparecimento parcial das cartas. O pequeno número de cartas que ainda existem foram mantidas em sigilo e protegidas a sete chaves.